Oncologista alerta que cigarros eletrônicos também podem causar câncer

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Há um falso mito de que os chamados dispositivos eletrônicos, a exemplo de narguilé e cigarros eletrônicos, auxiliam fumantes a deixarem de lado o consumo de tabaco. O oncologista Miguel Tenório aproveita o Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, para alertar que não há qualquer tipo de comprovação científica nessa suposta ajuda. “Existe um mito de que eles auxiliam a aplacar a dependência do tabagismo, mas é falso. Pelo contrário, esses dispositivos podem ser causadores de câncer, uma vez que já foram detectadas substâncias com poder carcinogênico, especialmente metais pesados”.

O tabagismo é considerado uma doença crônica causada pela dependência à nicotina presente nos produtos à base de tabaco, por ser uma substância psicoativa. Ela está presente em todos os produtos derivados do tabaco, tais como cigarro, cigarro eletrônico ou dispositivo eletrônico para fumar, charuto, cachimbo, cigarro de palha, narguilé, entre outros. É o maior fator de risco evitável de adoecimento e morte precoce no mundo. “A dependência do tabaco em sim, é causada pela nicotina, mas no cigarro comum existem mais 4,7 mil substâncias tóxicas, que também podem causar câncer”, alerta o especialista, que íntegra a equipe da Clínica Onco Hematos – Rede AMO, Assistência Multidisciplinar em Oncologia.

Segundo Dr. Miguel Tenório, estima-se que cerca de 7 milhões de mortes no mundo, a cada ano, estejam ligadas diretamente ao consumo do tabaco. “Estudos apontam que essas mortes acontecem em decorrências de doenças causadas pela dependência da nicotina. Entre as principais doenças causadas pelo tabagismo estão as cardiovasculares e as neoplasias, onde destacamos o câncer de pulmão, que tem uma relação direta com o consumo do tabaco”.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), ao ser inalada pelos pulmões, a fumaça do cigarro é distribuída para o sistema circulatório, fazendo com que a nicotina chegue em até 19 segundos ao cérebro. Além disso, o fluxo sanguíneo capilar pulmonar é rápido, e todo o volume de sangue do corpo percorre os pulmões em um minuto. Dessa forma, as substâncias inaladas pelos pulmões espalham-se pelo organismo com uma velocidade quase igual à de substâncias introduzidas por uma injeção intravenosa.

A fumaça do cigarro, ao ser inalada, produz alterações no Sistema Nervoso Central, modificando assim o estado emocional e comportamental dos indivíduos, da mesma forma como ocorre com a cocaína, heroína e o álcool. Com a inalação contínua da nicotina, o cérebro se adapta e passa a precisar de doses cada vez maiores para manter o nível de satisfação que tinha no início, aumentando também o risco de se desenvolver doenças crônicas não transmissíveis, que podem levar à invalidez e à morte.

Entre as doenças mais comuns causadas pelo tabagismo estão diversos tipos de câncer: leucemia mieloide aguda; de bexiga; de pâncreas; de fígado; do colo do útero; de esôfago; de rim e ureter; de laringe (cordas vocais); na cavidade oral (boca); de faringe (pescoço); de estômago; de cólon e reto; de traqueia, brônquios e pulmão. O consumo da nicotina também contribui para o desenvolvimento de outras enfermidades, tais como tuberculose, infecções respiratórias, úlcera gastrintestinal, impotência sexual, infertilidade em mulheres e homens, osteoporose, catarata, entre outras.

Auxílio
O oncologista orienta que é necessário o fumante procurar uma ajuda profissional para largar o vício do tabaco. “Isso pode ser realizado através de métodos comportamentais , de psicoterapia, de terapia em grupos, ou através de tratamento medicamentoso, a exemplo de adesivo, goma de mascar que aplacam a saciedade do desejo de fumar, ou através de antidepressivos que auxiliam na compulsão por fumar. Esse serviço está disponível na rede SUS”.

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